Preto e Vermelho para o Bazar!

depois de tanta inspiração, a vontade de pintar bateu forte!

estes desenhos são releituras de pinturas corporais, que vão além de ornamentos estéticos, comunicam posições sociais, ritos e formas simbólicas de pensamento... para cada ocasião, um ornamento...

penso na camiseta não como uma simples peça de roupa, mas como espaço possível para a comunicação urbana, razão pela qual há tantas possibilidades... afinal levamos no peito aquilo em que acreditamos...

e eu acredito é na força do multiculturalismo e da pluraridade de ideais...

penso nestes desenhos ocupando boa parte da lateral da camiseta, ganhando movimento com a expressão corporal de quem usá-los... e para quem se interessar, basta mandar mensagem, estou louca para dar esta força simbólica a uma camisetinha...

Inspirações Literárias

finalmente, a busca por referências encontrou o pote de ouro no fim do arco-íris!

e as coisas já começam a fazer muito mais sentido...

"Apenas recentemente a pintura, a arte gráfica e os ornamentos do corpo passaram a ser considerados como material visual que exprime a concepção tribal de pessoa humana, a categorização social e material e outras mensagens referentes à ordem cósmica. Em resumo, manifestações simbólicas e estéticas centrais para a compreensão da vida em sociedade." (VIDAL, p. 13)
é toda uma forma de comunicação, de uma riqueza estética incrível, que inspira até o último fio de cabelo!

O Dj e os Grafismos...

mais uma camisetinha inspirada nos grafismos indígenas Wajãmpi... desta vez as representações do jabuti e das borboletas, que bateram asas junto com a sonzeira de meu querido dj!

Jibóia com Recheio

Representações Wajãpi

acho que o que mais me atraiu para estas reresentações gráficas da cultura Wajãpi é a capacidade de abstração da realidade que este povo tem... quando vemos as fontes de inspiração para seus desenhos, percebemos como os padrões representam os animais em suas características principais, sem a necessidade do desenho do todo... e aí que entra a ideia da identidade cultural... algo que deve ser para eles, de instantânea interpretação e correlação dos grafismos, com os respectivos mitos que ilustram... e para nós, observadores de "fora", vemos apenas lindas formas geométricas combinadas em ricos padrões... no entanto, é muito mais que isso, é todo uma forma de comunicação e aí, descarto a noção de "culturas primitivas"... não poderiam ser mais complexas em suas idiossincrasias...

a jibóia:

o jabuti :
o filhote de anta:os grafismos Wajãpi podem ser vistos no livro "Dossiê IPHAN - Wajãpi" , para maiores inforções acesse o site do IPHAN.

Jibóia...

mais uma camisetinha inspirada nos grafismos Wajãpi... padrões que representam a jibóia, as espinhas de peixe e o jabuti...

desta vez a camisetinha foi pintada estendida na mesa e não vestida, o que já resultou em algo bem diferente, as figuras ficaram mais geométricas e menos orgânicas... as curvaturas do corpo mudam por completo a dinâmica da pintura e sem elas, o desenho ainda ficou interessante, mas para mim, ficou um cadim sem emoção... um pouco mais duro e menos apaixonado...

não desmereço a camisetinha, apenas valorizo o processo...

Processo Experimental...

já faz algum tempo, tenho estado interessada nos grafismos indígenas, como na camisetinha do Kuarup... mas desta vez, mais do que me inspirar nas representações gráficas, me inspirei no ato em si, no processo da pintura corporal...

a ideia surgiu à partir da publicação "Dossiê IPHAN - Wajâpi", na qual a expressão gráfica deste grupo do Amapá foi convertida em patrimônio imaterial da humanidade. Os grafismos usados tanto para pintura corporal, como decoração de cerâmicas e motivos de tecelagem, são a expressão representativa da cosmologia deste povo, tradição oral, que transmite conhecimento sobre "o mundo visível, sobre o invisível, sobre o concreto e sobre o mundo ideal. Nâo se trata de um saber abstrato e sim, de uma prática, que é permanentemente interativa e, portanto, totalmente viva."

os desenhos que escolhi para a camisetinha são as representações do jabuti, das espinhas de peixe e do filhote de anta, combinados entre si, como fazem os próprios Wajâpi... mais do que precisão técnica, o que curti foi a novidade de pintar a camisetinha vestida, como se estivesse a pintar direto no corpo... e aí valeu muito mais o processo, muito mais para mim que para meu menino, que colabarou direitinho, ficou imóvel o tempo que levou...

Olha o Bananeiro...

Faustinho olhou todas e nem pestanejou... o carregador de bananas está circulando pelas ruas (acho que de Fortaleza), vendo o céu azul, sentindo o vento, e todas as cores do mundo que não existiam dentro de meu armário... tudo a tornar o serviço, de carregador, menos pesado... muito obrigada...

Dj de Kuarup!!

o Kuarup na camisetinha...

camisetinha inspirada nos grafismos indígenas do Alto Xingu em comemoração ao Kuarup, celebração indígena aos mortos ilustres... no qual o tronco, o "Karup", é a representação concreta do morto a ser homenageado... o ritual é realizado durante dois dias... várias atividades são executadas nos dias que o precedem : a preparação dos alimentos derivados da mandioca, a busca dos troncos e o preparo dos ornamentos que vão, no ápice da festa, enfeitá-los... o adorno corporal é de extrema importância, para isso utilizam tintas produzidas à partir de elementos naturais, o preto do jenipapo e do carvão triturado, o vermelho do urucum...

este trabalho mostra um pouco da admiração que tenho pelas estéticas culturais brasileiras... imagens que nos permitem inferir um pouco da formação cultural dos brasileiros, nossas heranças multiculturais... o Brasil é a mais pura matéria-prima para qualquer artista.

matéria-prima!

acho que estão brotando idéias... muito instigante estes grafismos indígenas usados como pintura corporal... afinal, não são também as camisetinhas um adorno físico?!!!