quarta-feira, 20 de abril de 2011

Crônicas de Dona Regina

Cafézinho, pão de queijo e um dedinho de prosa...
Por Regina Padilha


Adoro as Gerais.

Paixão não de superfície, mas de profundidade, coisa antiga que começou nos tempos da faculdade de história e foi intensificando-se à medida em que eu compreendia e ensinava a influência de Minas Gerais no desdobramento da História do Brasil. Até a bandeira do estado é especial, estéticamente linda, fundo branco, triângulo vermelho e o dístico "Libertas quae sera tamen”- Liberdade ainda que tardia-, tudo denso de significado, mas isto é assunto para outro dia; hoje de Minas, quero falar das amenidades, belezas e delícias.

A paisagem exuberante, as serras, o inverno rigoroso, a neblina, a comida feita em panela de ferro e tacho de cobre, o maior acervo de arte barroca do Brasil, a arte sofisticada em estanho, pedras preciosas e mais rústica, em pedra sabão, o artesanato intuitivo riquíssimo, o mineiro, a mineirice.

Perdi as contas das idas às cidades mineiras e no entanto, a cada vez é como se fosse a primeira e a cada vez, sei que preciso voltar, descobrir, desvendar mais...

Belo Horizonte, entre cosmopolita e barroca, emoldurada pelas serras do Curral del Rei, por onde passaram tantos personagens com as mulas carregadas de riquezas que nos foram espoliadas, tanta história.

Tiradentes, o céu mais azul que conheço, o casario, os museus, as casa de telhados sem eira nem beira, as ruas de calçamento em pedra amendoim..

Mariana, as igrejas com fachadas, altar e esculturas em barroco português, as minas de ouro já improdutivas e algumas poucas com minguada produção, exauridas por séculos de ambição incontrolável.

São João del Rei, a terra de Tancredo Neves, a Matriz de Nossa Senhora do Pilar, com seu órgão secular e que ainda hoje, produz um som dos anjos.

Ouro Preto, a adorável Vila Rica, encantada, as íngremes ladeiras, as fazendas e senzalas onde com um pouco de imaginação, podemos adivinhar a lamúria dos escravos, vítimas de banzo,que ao perderem a liberdade, perderam o seu bem mais precioso, as pousadas aconchegantes, os restaurantes com fogão à lenha no meio do salão, a praça imponente do Museu da Inconfidência, onde eu, particularmente, mal respiro de tão emocionada, diante de tanto legado histórico.

Barbacena, onde num mês de julho, passei o maior frio da minha vida, compensado e bota compensação nisto, por um jantar à beira do fogão à lenha, com frango com quiabo, lombo com torresmo e covardia, doce de leite, de colher, claro, brincadeira que rendeu dois quilos que tive que acrescentar à bagagem...

Congonhas do Campo, Aleijadinho, a Igreja de São Francisco, Os Doze Profetas, esculturas que nem mesmo a má preservação, conseguiu ofuscar o valor artístico.

Diamantina,”como pode o peixe vivo viver fora d’água fria...”, as serestas pelas noites estreladas, a arena com as mais variadas manifestações artísticas, os conventos com seus claustros enigmáticos.

Ai de mim, que dói-me o peito de saudades de todos e de cada um destes lugares e que perdida em lembranças, sou capaz de sentir o sabor-prazer de um cafezinho-pão de queijo e os muitos dedinhos de prosa com esta gente tão maravilhosa. Vou voltar, certeza, porque sei que lá, minh’alma viageira reconhece cada esquina e meu coração , bate num tum-tum, sossegadinho, feito o mais autêntico coração mineirinho, sô...

5 comentários:

Espera um minutinho disse...

Conhecemos Tiradentes agora no Carnaval e ainda to com a sensação aconchegante daquele lugar! Cada comida, cada igreja, cada ruazinha... adoro Minas e adorei o post.
bjo da Clau

Mi Vargas disse...

Tipo assim, posso ir pra Minas amanhã???
Roteiro delícia de ler!!!!

Beijos as duas!

Lê Fernands disse...

ô terrinha de comida boa e gente hospitaleira é as gerais...
amo ouro preto e o sul do estado!


bjs, ju.

by Mari artesanatos disse...

olá querida... tô com uma dúvida cruel!!!
é vc a moça que estava hoje no bazar dos armarinhos com uniforme verde militar e um arquinho lindo preto enroladinho???
se for, sou de monte alto, peguei uma peça sua na mão e fiquei impressionada com seu talento!!! eu estava de bolsa rosa, toda maravilhada com a loja, vendo as novidades, pois aqui na minha cidade não tem lojas de artesanato, as que tem nem comparar com as de ribeirão...
vc até vendeu pra moça que estava me atendendo ( se for vc rsrsr )
espero seu contato, bjs
marieli

Jacqueline disse...

Regina, minha querida, do jeito que gosto de viajar, ler sua crônica foi aguçar mais ainda o desejo de "mineirar"... quem sabe uma hora dessas me delicio com tanta lindeza...rss
bjssss

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