terça-feira, 26 de abril de 2011

Crônicas de Dona Regina

a crônica desta semana veio acompanhada de um bilhetinho, uma pequena justificativa, de quem ainda parece estar se acostumando com a ideia de escrever para leitores ...

"Segue  meus escritos desta semana, que na verdade poderiam ser também outros três, mas como a semana que vem é tipo coração, penso que na linha do cronista que escreve de olho no mundo , esta é bem oportuna. Beijo."

O Peregrino da Paz 
por Regina Padilha

No próximo dia primeiro de maio, a Igreja Católica vai beatificar o Papa João Paulo II, para alegria de todos que sentimos como o mundo ficou mais triste sem ele.
A figura branca e dúbia, entre forte e leve, vai custar para diluir-se em nossa memória, independente da religião de cada um.

O Papa do século XX, mais que uma missão religiosa, exerceu um papel político inigualável, próprio do grande líder que foi, influenciando decisivamente na queda do muro de Berlim em 1989 e no desmembramento da antiga União Soviética em 1990.

Coerente com seu passado de jovem polonês, que viveu os horrores da ocupação nazista da Polônia e testemunhou o sofrimento de seu povo diante da ditadura comunista, teve a coragem de publicamente desculpar-se pela atitude omissa da Igreja Católica diante do holocausto judeu.

Num gesto de extrema generosidade e da mais autêntica prática do cristianismo, perdoou o agressor que por muito pouco não lhe roubou a vida.

Foi o Papa que percorreu os quatro cantos do mundo, levando aos lugares por onde passou, o carisma que despertava nas pessoas, os mais nobres sentimentos de tolerância, solidariedade e fraternidade universais.
Nas quatro visitas ao Brasil, a primeira em 1979, uniu os brasileiros, envolvendo a todos num sentimento de comoção e estado de graça, como se dele emanasse tudo que era bom.

Inesquecível a lembrança de um momento mágico desta visita, quando ao encontrar-se com Dom Hélder Câmara, deram-se um caloroso abraço, seguido das palavras –“você é o padre dos pobres e por isso é meu irmão-“. Nesta ocasião, segundo Dom Hélder, foi como se todos os homens estivessem naquele abraço e ele, Dom Hélder, representasse a humanidade.

Tratou com a mesma benevolência a católicos, judeus, muçulmanos, evangélicos, sinalizando que muitos são os caminhos, mas Deus , um só. João Paulo II levou de nós, ao morrer, a gratidão por ter sido quem foi e recebe agora, a nossa homenagem emocionada pela beatificação, ele que amenizou  com sua presença e bondade, as dores que não são poucas desta humanidade que o reverencia.
A benção João de Deus...

4 comentários:

Toda Bossa é Prosa disse...

Acho que Generosidade resume em uma palavra esse grande homem, que dava vontade de abraçar só para sentir a bondade na forma física.
Linda Crônica que imprime uma personalidade que sabia dar o real sentido a benevolência.
Aguardando a próxima.
Bjux Gdee, Tati

Anônimo disse...

À querida autora, os agradecimentos pelo texto sublime que delineia a história de uma figura singular. É realmente inesquecível o legado deixado por ele.
Um beijo Fabi e Irí.

Anônimo disse...

Obrigada pela delicadeza dos comentários e pela atenção. Beijo grande.
Regina.

Karla Maria disse...

Fala se ele não tem cara do avô mais amoroso e querido que alguém pode ter?
O seu exmplo pra Igreja de hoje é muito bom, que outros se espelhem.
Parabéns pela linda crônica.
Bj

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