quarta-feira, 20 de julho de 2011

Crônicas de Dona Regina

impossível de não sentir saudades... mesmo para quem não conheceu a Candoca, a saudade de subir em árvore deve existir... dona Regina, sua arte está em nos fazer sentir... simplesmente sentir...

Candoca, a árvore com nome de gente
por Regina Padilha

imagem gentilmente cedida pelo arquivo do Colégio Vita et Pax



Folhando meu "cadernão de memórias", deparei-me com um texto meu escrito em 2005 e relendo-o observei que existem sentimentos e percepcões que permanecem intactos,  com e apesar dos anos que vão em frente.
Então deu vontade de adaptar o texto aos dias de hoje, preservando as permanências sentimentais que são bem mais numerosas que as mudanças.
Durante grande parte de minha vida, tive a alegria de frequentar o Colégio Vita et Pax, unidade I, Jardim Recreio, primeiro como mãe de alunas e depois como profissional e toda vez que entrei e saí da escola, não consegui resistir e dei uma olhadinha para ela.
Vê-la ali, gigante, infinita por todo o seu simbolismo, acalmava meu coração, porque era uma referência que fazia parte da minha vida e dava a impressão de que enquanto ela ali estivesse, eu podia estar tranquila, porque a vida estava sob controle ( doce ilusão )...
Estou falando da "Candoca", esta árvore tão incorporada à identidade da escola, que parece que esteve ali desde sempre, guardiã de infâncias e adolescências tranquilas e seguras e que não é apenas uma árvore,  até porque árvores costumeiras dão frutos, ao contrário dela, cuja produção é de sonhos!
Quem um dia, de alguma forma, passou pelo Vita, sabe do que estou falando...,sabe por exemplo, das tantas gerações que transformaram a Candoca, cada uma de acordo com seus sonhos, em tronos de princesas, em boléias de diligências cortando estradas, em corcéis velozes, em tapetes voadores, em cabana de Tarzan, ou simplesmente em bancos seguros e confortáveis.
Cada vez que olhei para ela,imediatamente a associei à Tia Yolanda ( sou contemporânea dela, o tia é por conta da tradição, ela que não é apenas uma pesssoa, mas uma instituição que se confunde com o Vita et Pax ) e foi quem recebeu a muda de árvore  da família de uma aluna e a plantou. A pequena mudazinha  foi regada, cuidada pelas crianças e transformou-se em árvore encantada, com direito a batizado  e doce nome próprio, Candoca.
Sempre que ví as professoras ou mães de alunos preparando uma festinha de aniversário, sob  a sombra acolhedora da Candoca, fiquei emocionada, porque a história daquelas pessoas se confundiu com a minha própria história, eu que tantas festinhas ali preparei para meus alunos e minhas filhas e sem muito esforço, sou capaz de através da minha memória sonora, ouvir as risadas, as brincadeiras, a alegria daquele lugar que era no momento, um mundo inteiro!
Sei que minhas palavras irão encontrar ressonância no coração de muita gente que teve ou tem o privilégio de ter no Vita, a sua  escola ou a  de seus filhos ou  que guardam a lembrança de uma escola querida, onde também havia uma árvore diferente de todas as outras e daí, a única.
Porque cá entre nós, uma escola que tem árvore com nome de gente e que desde sempre, muito antes das tendências modernistas, teve entre seus objetivos a preservação ambiental, o convívio harmônico entre aluno e natureza e antes de erguer paredes, plantou um bosque, só pode ser uma escola especial!
Já não moro mais no Jardim Recreio, mas sinto uma falta enorme das caminhadas matinais, quando passava ao lado do Vita e  via lá, linda, imponente, a Candoca tão querida por  tanta gente, e era como se o tempo não houvesse passado, como se tudo fosse como sempre foi e a vida fosse apenas, uma árvore encantada, uma festinha de aniversário com muitas crianças felizes e um dia ensolarado...

4 comentários:

Anônimo disse...

A minha "Candoca" era uma jabuticabeira plantada no colégio Metodista, bem no centro da cidade. Quando ela ficava carregadinha dos frutinhos pretinhos, o tio Balão, um senhorzinho que eu achava que era o homem mais velho do mundo, tratava de colhê-las e distribuir aos alunos eufóricos as bolinhas. Como é bom ter também minha Candoca! Lindo texto, Dona Regina!
Um carinhoso abraço,
Andréa Vettorassi

Anônimo disse...

Andréa, que bom que meu texto encontrou eco em seu coração! Suas palavras são também, texto delicioso.
Obrigada. Beijo grande.
Regina.

Mi Vargas disse...

E mesmo quem mora em cidade grande, nunca quis uma sombra acolhedora para sonhar acordada?
Lindo texto, para variar, Tia Regina!
Beijos

Anônimo disse...

Ah, Mi, mas você é mesmo uma linda demais! E Manuzinha, tem a chance de subir em árvore?
Carinho. Regina.

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