depois de duas semanas sem crôniquinhas, hoje é dia das palavras de dona Regina (que anda um pouquinho rebelde em função do "dona", será que devo mudar para "tia" ou simplesmente Regina?!)...
e hoje a crônica está muuito especial! aproveitem a leitura!
Muito Bom! Parabéns! Que Bacana!
por Regina Padilha
Outro dia, agorinha mesmo, em uma reunião, reencontreei e encontrei pela vez primeira, algumas pessoas, das quais ouví - adoro suas crônicas -; - você é Dona Regina, das crônicas tão gostosas de ler? - e mais outras palavras generosas e simpáticas, que em plena luz do dia, mesmo me fazendo corar, admito, fizeram com que me sentisse uma pop star.
Mas o que vem ao caso, agora, é que este fato levou-me a refletir o quanto é importante uma palavra de aprovação, de entusiasmo, de reconhecimento. Quantas pessoas produziriam mais, seriam mais felizes e assim, de certo, fariam outras pessoas mais felizes também, se nas suas áreas de atuação, se sentissem confortáveis, seguras, respeitadas e reconhecidas, o que refletiria em qualidade no trabalho.
Repenso a minha própria atividade profissional e reconheço que meus piores momentos, foram aqueles em que não estava à vontade para trabalhar, porque em permanente estado de alerta, sabedora de que alguém queria ver minha cabeça rolar e meus mais produtivos períodos, foram os que reconhecida e daí encorajada, ousei mais e obtive os melhores resultados.
Hoje vejo, que muitas pessoas, é bem verdade que não todas, mas muitas, e exatamente aquelas que carregam na bagagem, algum tipo de "sequela"ou "ranço" social, moral, intelectual ou até psicológico, ao ocuparem um cargo de chefia, ao sentirem-se de posse de algum tipo de poder, instalam no seu entorno, um clima de conspiração em que ninguém confia em ninguém e "ele"( pode ser ela), confundem orientação, coordenação, com cobrança, incapazes de corrigir rota de forma profissional.
São aqueles que, como dito pelo povo,"subiram num tijolo e vislumbraram um palanque".
Tem muita gente que acredita e apregoa que as pessoas precisam aprender sozinhas, em cima de seus erros, mas será mesmo assim?
Se o valor de um diamante que opaco e bruto sai da terra e o esplendor dele depende inteiramente do sopro do lapidador, que reconhece o potencial da pedra, investe nela e consegue, depois da lapidação, faze-la reluzir esplendorosa? Se é o maestro que em sintonia fina com seus músicos, consegue tirar de cada um a sua melhor melodia?
E ainda, ocorre-me a figura da professora amorosa e competente, que colocou entre as suas, as pequenas mãos do aprendiz e juntos desenharam a letra "a'', para depois o menino repetir o exercício sozinho e triunfante e ainda o vovô, que ensinou a cada um de deus netos a andar de bicicleta, segurando o selim, até que a criança confiante dessa proteção foi em frente e quando notou , estava bicicletando independente.
Em todos os casos, deu-se a mágica, possível, porque alguém encorajou e o outro sentiu-se confiante.
Mas, como é importante pensarmos antes de falar, como é sério dirigir-se à alguém, coisa que fazemos na maior parte das vezes, impensadamente e no entanto, a palavra é a mesma, ou aquela que promove, faz maravilhas ou soterra, esmaga, feito avalanche devastadora.
Eu mesma, depois de décadas escrevendo no "cadernão das minhas memórias", só estou aqui tendo a ousadia de bater este papo com vocês, graças à Ju, que além de generosamente ceder-me o espaço, fez-me crer que meus escritos podiam ser compartilhados, o que foi um baita de um estímulo!
Assim, se está faltando, na sua vida, reconhecimento, confiança, fica tristinho não meu bem, seja paciente, trabalhe, busque em você , a força que tem , embora saibamos que há momentos em que elas parecem ter acabado, observa a natureza e aprende com ela. Já reparou quantas vezes uma onda que parecia forte, recua, retrocede, ganha volume, impulso e daí sim, fortalecida, vem derramar-se todinha na areia?
A vida é assim mesmo, como dizia meu querido Riobaldo em "Grandes Sertões, Veredas", pela pena de Guimarâes Rosa -"o que a vida quer da gente, é coragem..."
Mas que um muito bom, parabéns, que bacana, são delícia, não há como negar, eu que o diga.