dona Regina sempre escreveu...
caderninhos, agendas, papeizinhos... muitos discursos de paraninfa, cartões de aniversários e casamentos... pensamentos, notas de livros e versos de música...
já propus várias vezes organizar um blog para ela, mas ela não gosta da "obrigação" de escrever e já avisou, quer escrever livre, leve e solta... e se há mãe coruja, a bem da verdade é que há filha coruja também e assim sendo, pensando nos montes de palavras engavetadas, ofereci uma dia da semana, para ela publicar suas crônicas no bloguinho, caso ela queira... e espero que ela queira sempre... vamos à estréia...
"Nina"
por Regina Padilha
Chegou em casa no dia 2 de abril de 2002, presente de uma amiga muito querida, para minha filha. Tão pequena que sua primeira caminha foi uma caixa de sapatos, da qual ela não conseguia sair sozinha.
Depois as fronteiras da caixa foram rompidas e à medida que ocupava, na casa, novos territórios, feito posseira foi ocupando nossos corações, onde instalou-se sem a menor cerimônia. Hoje em dia é parte da família, amor incondicional, sentimento em que a comunicação é feita por olhares lânguidos e devotados.
Passeio com ela pela Praça Sete e satisfeita da vida ela vai’‘trotando elegante” e vez por outra dá um pulinho e lambe minha mão, gesto que interpreto como -“estou feliz... -”. Dia destes, cruzei com um senhor que olhando para ela, disse -“ela está velhinha, né?”- E aí, fiquei tão sem graça, diria até que ofendida...
Mas assim é, uma amiguinha legítima representante dos cachorrinhos SRD ( sem raça definida ), estes adoráveis vira latas que povoam todo o Brasil, para a alegria de quem tem a devoção e companhia de um.
Penso que o único problema de Nina, é uma crise de identidade – tenho comigo que ela não sabe que é cachorro – pois morre de medo dos seus irmãozinhos, tendo inclusive rejeitado vários pretendentes que a cortejaram durante sua vida, e olha que alguns eram bem bonitões, entretanto se derrete toda diante de um colinho de gente...
Aí fico pensando em como um bichinho pode querer tanto e ser tão querido e não consigo compreender quem maltrata ou abandona seja lá, um gato, um cachorro ... Nós, da legião dos que amam cachorros, bem sabemos o quanto é salutar compartilhar a vida com um animal de estimação e seria desnecessário lembrar de tantos episódios reais de melhoras efetivas em terapias que trabalham pacientes com a presença e o carinho de bichos, sobretudo porque entre um bichinho de estimação e seu dono ou quem lhe dá atenção ocorre a mais importante das linguagens, aquela que não usa palavras, mas em que a comunicação estabelece-se através do olhar.
Enquanto escrevo, tenho a meus pés esta Ninoca querida e desejo à todos vocês, a alegria, o conforto , a companhia e a ternura que recebo dela, num olhar silencioso, mas que traduz o quanto somos importantes uma para a outra...