sexta-feira, 24 de junho de 2011

Menina Prendada: Letícia Barel

lembram do texto sobre "meninas prendadas" e o convite em aberto para que estas mocinhas se inspirassem a contar suas histórias?! pois bem, recebi várias histórias, que estão esperando para serem publicadas...
já passaram por aqui, a Lu Gastal, a Gigi Serelepe e a Glau Macedo, as três conhecidas no mundo dos blogs...
mas antes de viajar recebi o relato da Letícia, formada em química e que hoje trabalha numa refinaria como operadora, de macacão e capacete! um trabalho que passa longe das prendas, mas seu coração de menina prendada a incentiva a procurar linhas e agulhas nas horas vagas!
vamos conhecer esta história?!
Lê querida, muito obrigada por escrever, com esta carinha tão meiga fica difícil imaginar você de capacete e macacão! e quem mais se inspirar, pode mandar sua história para meu email!

Como eu admiro essas meninas prendadas que ousaram e fizeram da sua paixão o seu trabalho! Seja na costura, pintura, design... Infelizmente (ainda) não me dediquei a isso, mas mesmo assim sou uma menina prendada. Não sabia se deveria escrever ou não, pois como já disse, não sou uma das que enfrentaram todos os desafios de ter o próprio negócio craft. No entanto achei que seria uma bela homenagem que eu poderia fazer à minha avó. A Vó Lourdes.

Não sei se foi pela herança dos genes da minha avó ou se foi apenas pela observação do que ela fazia, só sei que muito do meu lado menina prendada eu devo a ela. Segundo minha mãe, Dona Lourdes era costureira de mão cheia. Daquelas que não precisava nem pegar as medidas das clientes. Fazia roupas para vender e também para os filhos. Lembro que quando criança adorava ficar a assistindo naquela máquina de costurar antiga, preta, de ferro, sabe? Com habilidade controlava a velocidade da costura com os pés na pedaleira e com as mãos ajustava o tecido. Cada gavetinha daquela mesa de costura era uma descoberta de cores, linhas, sianinhas, zíperes. Com ela aprendi como fazer os pontinhos mais básicos de bordado para enfeitar um simples pano de prato. O primeiro foi o ponto correntinha!   

Lembro também de como ela transformava uma simples espiga de milho numa boneca. Os cabelinhos da espiga se transformavam numa longa cabeleira e bastava um vestidinho ou saia feitos de retalhos para completar a boneca. Já grandinha eu resolvi fazer a minha própria boneca. Fiz o molde, costurei à mão e coloquei um cabelo verde, com uma linha mais grossinha que tinha em casa. Fiz até a roupinha. Não cheguei a mostrar para a minha avó, mas acho que ela teria gostado (apesar de ter ficado feia! rs).  

Dona Lourdes também me mostrou que para se fazer uma massa caseira não é necessário nenhum rolo ou instrumento moderno para se esticar ou cortar a massa. Basta boa vontade e uma garrafa de vinho! Com a garrafa ela esticava a massa e com paciência a cortava com uma faca até obter os fios de macarrão para o almoço.   

Enquanto isso eu cresci, fiz curso técnico em Bioquímica, cursinho e faculdade de Química. Nesse meio tempo eu sempre aprontava alguma coisa: era uma barra de calça costurada à mão aqui, outra costurinha ali... E nesse meio tempo a Vó Lourdes se foi. Se foi para deixar saudade em quem ficou.   

Durante a faculdade vi uma amiga usando uma camiseta toda estilizada, adorei! Ela me passou o contato de quem fez a tal camiseta: Ana Sinhana. Foi amor à primeira vista com as coisas que a Ana faz. Comprei a camiseta e depois uma carteira. Uma pena que não pude conhecer a Ana tão bem, sou super fã dela! E foi acessando o site dela que tive contato com o mundo craft e vi que tem muita gente por aí fazendo suas artes! 

Depois de um tempo resolvi comprar uma máquina de costura para mim. Ela é simples, mas é meu xodó. Aprendi a costurar sozinha, lendo o manual. Quer dizer, sozinha não. Tive a ajuda inicial da minha mãe, que me ajudou a passar a linha na máquina pela primeira vez (minha mãe, também menina prendada, sempre presente nos momentos mais especiais!). Hoje em dia faço minhas próprias bolsas, necessaires. Também dou uma de decoradora e mestre cuca. Gosto de tudo que necessite do nosso envolvimento e criatividade. Fazer um bolo crescer, uma bolsinha nascer...  

De vez em quando eu sonho com a minha avó. Num desses sonhos ela veio me contar que já tinha visto a minha máquina e que estava adorando as coisas que eu estava costurando. Prefiro pensar que não foi só um sonho!"

Um grande abraço!

Letícia

8 comentários:

Daniela *Lara* disse...

Adorei!... : )

Letícia disse...

Adorei ver a homenagem que fiz à minha avó assim pública!!! Obrigada pelo espaço Ju!

Um grande abraço!

Patricia disse...

Lindo post!!! Eu tb tive uma avó prendada, tenho muitas saudades dela. Lendo a historia da Leticia, viajei pela minha historia na casa da minha avó. Adorei o sonho!!! bj pras 2!!!

Ana Christina S. e Tetê disse...

Muito linda a história de mais uma menina prendada!!!

Ana Matusita disse...

Letícia! Outro dia te vimos na rua, perto do seu prédio, com uma camiseta Ana Sinhana!
Fiquei toda prosa!
E mais ainda em ler a sua história tão linda, homenageando sua avozinha!
Parabéns!
Bj,
Ana

Ju Padilha disse...

meninas,
muito obrigada pelas palavras carinhosas! tenho certeza que a Letícia ficou muito feliz, assim como eu!!!
beijinhos!

double crochets disse...

your post is so sweet!!!!! obrigada for sharing these with us!!! <3 <3 <3

kiss
marietta

Kátia disse...

Ai que lindo! Me fez ficar emocionada por aqui, lembrado das minhas avózinhas que também já partiram...certamente a gente herda essas habilidades das nossas mães e avós, pois comigo foi assim também.
Bjs meninas!

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