surpresa! dona Regina preparou uma crôniquinha linda em comemoração a este mês de junho delícia!
"Noite fria, tão fria de junho"
por Regina Padilha
Nas minhas memórias de passado mais longe, mas de saudades tão perto, se há algo que me coloca lágrimas nos olhos, são as festas juninas, com tudo aquilo que elas têm de encantamento, alegria, tradição.
A temperatura mais fria, as quermesses das igrejas, das ruas, das famílias, dos amigos, das escolas e nelas, a quadrilha – “olha a cobra, olha a chuva” -, as barraquinhas de pescaria, argola, o mastro de São João, o quentão, milho cozido, pinhão, bolo de fubá, canjica, pipoca, amendoim e a fogueira cuidadosamente preparada e ardendo em brasas de labaredas bailarinas, que aquecem o corpo e amolecem o coração...
Fico tão feliz, hoje em dia, quando sei de uma festa junina que pede para os convidados irem vestidos à caráter, pois acredito que é uma maneira de manter viva, a tradição, a memória que vem de longe e não pode se perder.
A devoção aos santos juninos, os campeões de popularidade, Santo Antonio, São João, São Pedro, as
simpatias e crendices que envolvem cada um deles, quanta cultura popular, quanta esperança em obter a graça pretendida, de namorado a marido, de emprego a dinheiro, mas que de verdade mesmo, traduzem exatamente a mesma intenção, a busca incessante da felicidade.
Junho é mesmo um mês especial, acho até que mágico, talvez porque está ligado a coisas muito prazerosas, como dormir quentinho embaixo de um cobertor bem macio ou edredom fofinho, assistir televisão comendo pipoca, usar meias com teninhos,(acho que a palavra não existe, mas é mesmo, para mim, o diminutivo de tênis ou keds) moletom confortável, ouvir músicas que há tempos não ouvimos, reler aquele livro inesquecível, abrir a caixa de fotografias e ficar olhando tanta gente querida, saborear uma taça de um belo vinho tinto em temperatura ambiente, mas acima de tudo, junho não é mês para solidão, é tempo de calor humano, cobertor de orelha, mãos e pés entrelaçados, “chega pra cá, meu bem”...
Não bastasse tanta coisa boa, com junho chegam as lufadas de vento, que com ele põem no céu, as primeiras pipas coloridas, olha a amarela, a verde e aquela de rabicho bem comprido?
Tem coisa mais linda que uma pipa dançando bem lá no alto? Acho que o encanto que elas nos provocam, vem do fato que adivinhamos atrás da pipa, um menino sonhador, que espreme os olhinhos para acompanhar o seu vôo mágico e sorri satisfeito, orgulhoso “de ser o comandante daquele objeto voador...”
Ah, junho, quantas saudades, quantas doces lembranças, o meu encontro com o meu amor, numa noite de temperatura fria, mas que uma troca de olhares foi bastante para me ruborizar a face e selar com o dele, o meu destino.
Junho, junho, lua cheia, que de tão linda, me dá vontade de abraçar...