E Por Falar em Saudades
por Regina Padilha
"Há pessoas que nos falam e nem as escutamos,
há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam,
mas há pessoas que aparecem em nossas vidas
e nos marcam para sempre."
Cecília Meireles
Já aconteceu com vocês, de estarem de repente com o peito apertado e asssim, sem mais ou cerimônia, uma saudade sem saber exatamente de que, difusa, confusa, aparecer , mexer com você deixando-a como eu , agora, sensível, saudosa, mas de que será, meu Deus?
E tentando encontrar o rosto desta saudade, vão desfilando pela minha memória, as tantas pessoas que já entraram e as que saíram da minha vida, por diferentes motivos.
Ao visualizar mentalmente aquelas que se foram, fico muito triste, porque, bom mesmo é não ter ninguém que saiu para lembrar e só lembranças dos que entraram na minha vida e ainda fazem parte importantìssima dela, mas não é bem assim, viver exige esforço e provoca dor, amar então, quantas alegrias, mas também, por amor, quantas decepções, quantas lágrimas derramadas...
Tem aquelas pessoas que pelas circunstâncias, geografia, falta de tempo ( será? ), mudança no jeito de olhar ou de viver a vida, foram saindo pouco a pouco e quando dei por mim, muito tempo havia se passado.
Tem aquelas que por mais que eu quisesse que ficassem, não consegui retê-las e feito passarinho, voaram e deixaram o galho balançando.
Tem aquelas que saíram de hoje para amanhã, não deram explicações nem tampouco eu pedí, mas já tinham fincado raízes sólidas em meu coração e basta um e-mail, um telefonema( às vezes é preciso escutar a voz), um encontro casual ou programado e pronto! Imediatamente a relação está restabelecida.
Nesta categoria última, a mim parece, estão aquelas que realmente contam, aquelas pelas quais mantemos vivos, sentimentos verdadeiros de amor e amizade e que penso, estarão "contando", pela importância que têm, para toda a vida, aquelas das quais, ainda que sem ver, não esquecemos do olhar, do sorriso e a simples lembrança, nos dá grande alegria.
Fica tão cristalino, que deveria arrumar jeito, tempo, sei lá mais o que, para estar com os queridos que fazem falta, porque tempo com o amigão ou amigona, é sempre tempo ganho, aproveitado, vivido.
Todas as pessoas que amamos, que admiramos, precisam ouvir de nós, palavras amorosas, para terem consciência do quanto as queremos e no entanto, nem sempre conseguimos estar com elas para exercitar este amor, para que "um pequeno nada", como um sorriso, um olhar compreensivo, um papo gostoso, uma gargalhada por uma besteira qualquer, uma flor, preencha de carinho os nossos corações.
A brandura, a generosidade, a delicadeza, a humanidade das pessoas, nos mostram como a vida pode ser boa, se nos propusermos a ser amistosos.
É, depois desta reflexão, esta saudade começa a ter cara, é saudades de todos vocês que um dia fizeram e os que ainda fazem a minha vida mais feliz, com suas presenças, às vêzes ruidosas, outras vêzes silenciosas e com os quais "sei que posso contar para o que der e vier..."